segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

US$ 40 BILHÕES É POUCO

Artigo de irmão e parceiro do JÚLIO ROCHA, publicado no Jornal do Comércio de Manaus, Amazonas de ontem, dia 19 de fevereiro de 2012, sobre espaço amazônico que vai bem, querendo evitar euforias, “para tratar os problemas de competitividade” com honestidade e reflexão analítica detida em favor de um crescimento real dos nossos espaços comuns:
US$ 40 BILHÕES É POUCO
Augusto César Barreto Rocha (*)

Pelas notícias na mídia, o faturamento da indústria do PIM em 2011 se situará em torno de US$ 40 bilhões. Se compararmos este número com nosso bolso ou com o PIB da Bolívia (US$ 19.7 bi em 2010), será um número fantástico. Mais que isso, se for comparado com o faturamento do PIM de 2006, o número parecerá ainda melhor, pois em 2006 a indústria da região faturou cerca de US$ 22 bilhões. Um crescimento expressivo dirá o leitor em uma primeira olhada.

Entretanto, uma análise mais atenta indica que em 2006 o faturamento do PIM representava aproximadamente 2,09% do PIB brasileiro e a proporção vem caindo. Se confirmados os US$ 40 bilhões para o PIM em 2011 e um crescimento do PIB brasileiro de 2,9%, os tais US$ 40 bilhões representarão 1,86% do PIB nacional. Isso significa que de forma relativa, a indústria do PIM cresceu menos do que o restante do país entre 2006 e 2011.

Mais uma relativização: a empresa Vale sozinha faturou em 2008 cerca de US$ 43 bilhões. Outra: segundo dados da Fortune (2011), a Microsoft como única companhia faturou US$ 62.4 bilhões, como a 38ª empresa dos EUA.

Assim, para que o leitor faça sua própria análise, aqui vai o restante da estatística: em 2005 a relação faturamento PIM / PIB Brasileiro foi 2,14%; em 2006: 2,09%; em 2007: 1,88%; em 2008: 1,82%; 2009: 1,63%; 2010: 1,68%; 2011: 1,86%. Bem, crescemos 10,71% entre 2010 e 2011 observará o leitor atento e otimista. Isso até que não é mal, considerando-se o cenário global de crise, que tem assolado as matrizes das multinacionais aqui instaladas, mas isso não elimina a queda de 11% entre 2006 e 2011.

Isso é um cenário para nos deixar motivados a buscar melhorias e não desanimados, afinal existiu um crescimento nominal. A questão aqui é que precisamos começar a, junto com a festa do faturamento, destacar também nossas limitações. Não podemos achar que a cidade de Manaus está bem e que os problemas que nos levaram a ter incentivos fiscais foram sanados, pois é o que parece pensar nossos interlocutores quando nos veem celebrar tal número, afinal não é comum a divulgação no Brasil da soma de faturamento de um aglomerado de indústrias. Aliás, para comparar, o Polo Petroquímico de Camaçari fatura US$ 15 bilhões, com 15 mil empregos diretos.

A queda em estratégia começa quando se acredita que a organização vai bem, pois quando achamos que estamos bem, este é o primeiro passo para ficarmos mal. Se a indústria do PIM ficar inebriada por um resultado que parece bom, mas não é tão bom assim, pode ficar deitada em berço esplêndido sem se mover para tratar os problemas de competitividade e que nos levaram aos incentivos fiscais, que são, dentre outros, os problemas de: educação, infraestrutura logística e segurança jurídica. Isso precisa ser falado, para que possamos no futuro continuar a celebrar. Aliás, preferiria celebrar que o Amazonas, com menos de 2% da população brasileira possui uma área industrial que contribui com 5% do PIB. Vamos em frente, pois 2011 foi um bom ano, mas precisaremos fazer um 2012 muito melhor.

(*) Augusto Rocha, Doutor em Engenharia de Transportes, é professor da UFAM e Coordenador da Comissão de Logística do CIEAM/FIEAM. 

Comitê de Comunicação da Campanha Júlio Rocha para Reitor
Coragem para mudar

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