Apesar da tentativa de autocegueira de alguns intelectuais da nossa plateia universitária, animada nos debates e algumas vezes desanimada pelas leituras da História, e que em geral acorria atenta a vários fóruns na UNIR, antes, durante e depois da greve, a realidade constatada pela maioria dos universitários é haver, desde sempre, diferenças profundas de filosofias de trabalho por parte de diversos campos de atuação, pessoas e grupos divergentes, quase que permanentemente, no seio da universidade.
Se é verdade que, após a disfunção de setores da Administração Superior, ficaram todos em uma paz estratégica durante meses, sobretudo no ano de 2011, com o fim de obter a consecução de um objetivo comum, o fato é que líderes de diversos grupos não escondiam entre si as diferenças, embora alguns incautos e alguns desconhecedores (outros por má-fé interessada) acreditarem haver sido, naquele embate, selada uma paz universal e absoluta, eliminando-se totalmente as diferenças, esquecendo-se das dobras da História e dos revezes permanentes das derrotas judiciais.
Agindo, assim, pela inércia no pensar, para mais além dos meses recentes, alguns trabalharam com o interesse principal voltado à gestão dos seus setores, como dirigentes que são, e outros funcionaram como simples cooptadores de maior apoio no entorno dos seus adversários, para aproveitar o momento e ampliar desta maneira a sua pobre base eleitoral.
Afinal, porém, ganha a guerra principal, como se esperava, os diversos lados (quatro? cinco?) preferiram separar-se, com diferente estratégia, para afinal pleitear espaço entre os quadrantes de uma universidade recaída no caos e na perda de referenciais de funcionamento mínimo normalizado, decomposição dos relacionamentos, destruição da face social honesta, uma universidade em frangalhos.
Identificavam-se claramente ao menos quatro correntes de pensamento na tentativa de resgatar ideais universitários deixados de lado nos últimos tempos –todas elas minoritárias, ladeadas por uma maioria silenciosa que prefere até agora assistir a distância a esses embates de gentes conhecidas pela maneira mais expansiva de manifestar as suas ideias, radicais ou reacionárias, democráticas ou “democrática”.
Apesar de intentado o seu avanço por alguns líderes, temos em conta que ficou claro que a Candidatura Júlio Rocha foi lançada ainda em 2010, que ela vinha contudo de mais longe, em termos de ideais, que veio depois disso crescendo com apoiadores outros muitos, fortes e lídimos, dentro e fora do ambiente do Fórum da UNIR. Indicada em reunião plenária para ser candidato a reitor pelo professor Dr. Célio Borges, busca hoje maior espaço ainda, percorrendo salas de aula, campi, mídia social, em busca também dessa maioria silenciosa. Sobretudo quer ser responsável por unificar os diferentes setores esgarçados de uma instituição destruída pela agressividade bárbara e desumanizadora.
Para que tenhamos de um lado apenas todas as pessoas interessadas na UNIDADE dos que LUTAM, sem a pecha da corrupção, é preciso que cada qual pessoa de boa-fé coloque a mão na consciência, lendo a História TODA, reveja a sua posição a partir de uma perspectiva maior do que o Fórum, do que a Greve, do que as greves, do que os enfrentamentos, do que os desejos de projetos pessoais, e venha com o voto, com o espírito desarmado e com um espírito de limpeza da face visível da nossa Instituição.
Assim, a UNIDADE dos que LUTAM deve contar não somente com os novos lutadores (informados recentemente ou de antes), mas também com aqueles sem mácula curricular. Mas eles não devem banir os demais: Devemos desdenhar por um lado daqueles que estão isolados num grupão heterogêneo com passado na velha corrupção, derrotados pela candidatura Januário; devemos repelir por outro lado aqueles que perderam a consciência da necessidade de reconstituir o corpo institucional lançando mão de toda pessoa capaz de superar-se, no intuito de, assim agindo, admitir aquelas pessoas de todos os lados ainda capazes de dar-se pela instalação de um recomeço sem concessões às críticas de quem prefere voltar aos inícios do projeto de construção/destruição da Universidade Federal em Rondônia.
Desde que outros pré-candidatos, por um lado, se recusaram a participar ou por outro foram rechaçados majoritariamente em pesquisas e reuniões efetuadas, procuramos verificar qual a causa eficiente da impossibilidade de uma ampliação efetiva da base eleitoral do Fórum, para alcançarmos este recomeço da nossa vida acadêmica.
Ficou constatado que o baixo rendimento das dez candidaturas do antigo Comando de Greve (296 votos, da maior referendada, a professora Martinez, ou seja, nem a metade dos votos possíveis dos docentes) se dera pelo rechaço geral da maioria dos eleitores a todo o grupo de apoio do Fórum.
Assim, o chamado Fórum, constituído como sucessor das demandas de moralidade do Comando, tendeu a construir um espaço de manifestação importante para exprimir o desejo de combate a uma fatia da corrupção –mas não à outra. E as críticas não alcançaram a velha corrupção, que se omitia esperando o melhor lado para saltar a campo, recuperando o desejo –não de um recomeço, mas de um retorno ao início.
Falas expressivas, como as do professor Fabrício, que concordou com o Candidato Júlio a pedir maior consideração do Fórum aos docentes e aos cursos dos campi do interior do Estado, comprovavam a necessidade de que as candidaturas devessem ser testadas perante o grande público, porque nem todos tiveram a oportunidade de estar diante dele e sentir a possibilidade do crescimento ou não das bases eleitorais em outras perspectivas do inter-relacionamento pessoal, social e político.
É preciso recordar que não deveríamos estar mais em momento de conflagração, mas também perceber que a velha corrupção esteve sempre atenta a uma divisão dos bons. Sabe-se que pela nossa luta nesta UNIR, derrotando judicialmente muita gente responsável pela perseguição política de docentes e de técnicos e de discentes em datas anteriores, tornava impossível o apoiamento de parte a parte entre estas facetas tão diferentes.
Também a carência de um quadro da velha corrupção com perfil legítimo para assumir compromissos, com a clara falta de lisura no seu passado de gestão, tornou proibitiva a diversos docentes manifestarem-se pessoalmente, tornando além disso frágeis as candidaturas sem respaldo no funcionamento lídimo da sua gestão ou daquela dos seus companheiros de facção.
Para evitar a divisão dos bons, necessário se fazia uma ampla base de composição, a consideração de todos a obstaculizar os passos aos criminosos do passado. A conversão afinal do Fórum em Partido Único, que trabalharia pela indicação de um nome incapacitado para o crescimento da sua base eleitoral, não parecia de modo algum uma solução palatável a ninguém de boa fé. Mas serviria à divisão. Cabia mais que nada demonizar os demais.
Isso porque, se por uma parte desconhecia a existência dos cursos do interior do Estado, ameaçados pelas críticas muito acerbas, por outra parte, eludia a História, que tinha em muitos que passaram a acorrer ao Fórum as mãos sujas de corrupção. Finalmente, por outra parte, fingiam manter-se as condições de silenciamento das diferenças que prevaleceram ao longo dos poucos dias de luta com o Fora Januário.
Assim agindo, ignorava-se no Fórum, como projeto de campanha, a notória incapacidade de crescimento de um candidato lançado “para o Fórum”, recusando quem se lançava “para a Universidade”. Recusavam-se a ver os equívocos do passado recente e os enganos crassos do passado distante, afrontando ainda os desafios de fins nefastos em construir uma candidatura voltada para interesses provincianos, em pleno Século XXI!
Neste sentido, o nosso nome, se esteve em evidência na UNIR há décadas, a enfrentar REALMENTE tanto a corrupção do passado como a do presente, procurou referenciais no âmbito da meritocracia e num ideal de harmonização institucional.
Devemos recordar que os salvadores da Pátria, desconhecedores dos tratos da gestão, devem ser pensados como algo a evitar, em favor de pensamentos que já deram certo, com passado nobilitante. Os gritos muito altos, muito imodestos, muito sorridentes, muito irrealistas, não devem obscurecer a verdade de que a Sociedade quer SERIEDADE, quer MUDANÇA, deseja resultados, não retomada de conflitos do passado.
A Proposta da Candidatura Júlio Rocha, que vem de longe, que não coopta com a mentira berrante da falta de História ou com a enrolação político-partidária, trazendo esta ares falsos de combate à corrupção, desdenha da velha corrupção, que se aproximou perigosamente, fênix silenciosa atrás de caras (des)conhecidas.
Desdenha também da nova corrupção, que se esconde nos bolsos de quem já está hipertenso de tanto ter de responder a processos, seja do TCU, seja da C-GU, seja do MPF ou da Justiça Federal, pelo cometimento de práticas irregulares ignoradas por quem entrou ontem nesta antiga UNIR de 30 anos de solidão.
Por isto tudo, os bons virão a se reunir em torno de ideais que venham de longe, colocando um ponto final nestas três décadas de corrupção, restituindo a boa face da Academia em Rondônia, ou correremos o risco de refazer um caminho de falsidades, de dores, de perseguições e de tragédias que envergonham todo aquele que conhece a História desde o seu princípio e que de maneira alguma desejam ver refeito um caminho que trouxe tudo aquilo que imaginamos ter-nos livrado no final do ano passado.
Retorno ao começo ou recomeço, este é o dilema principal que se coloca nesta eleição de primeiro de março, dia famoso na História de um povo irmão.
Júlio Rocha
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